Segue entrevista com Michel Misse, 59, organizador do livro “O Inquérito Policial no Brasil: uma Pesquisa Empírica” (Ed. Booklink), resultado de uma pesquisa em delegacias de cinco capitais do país.
Para Michel Misse, coordenador do Núcleo de Estudos da Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ, o atual modelo de inquérito é excessivamente formal e produz análises jurídicas que deveriam ser feitas só no Ministério Público, o que atrasa as investigações policiais. Para o pesquisador, a necessidade de documentar cada passo da atividade policial significa a “cartorialização” desnecessária da investigação, presente só no Brasil. Segundo a pesquisa, feita no Rio, Brasília, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte, apenas 16% dos homicídios geram processo judiciais.
A pesquisa foi financiada pela Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), que defende a flexibilização do inquérito e a eliminação da figura do delegado concursado e a criação de carreira com entrada única e cargos de comando entregues por mérito.
A entrevista foi conduzida pelo jornalista Ítalo Nogueira e publicada na Folha de São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010. Boa leitura.